A Covardia do Poder e a Extorsão do Cidadão

O poder, quando destituído de ética, transforma-se em um monstro insaciável, pronto a devorar a dignidade dos que deveriam ser seus beneficiários. O Estado brasileiro, em sua sede desenfreada por arrecadação, não se contenta com tributos justos ou razoáveis. A extorsão do cidadão se tornou uma política de governo, onde a mão pesada da cobrança sempre se impõe, mas a contrapartida dos serviços públicos é pífia, quando não inexistente.

A injustiça fiscal que assola o país não é um fenômeno recente, mas tem se aprofundado com uma voracidade que desafia qualquer lógica de governança equilibrada. Pagamos 37,5% de tudo o que produzimos ao Leviatã estatal, um peso muito superior aos 20% ou “quinto” que gerou a revolta dos Inconfidentes. Tiradentes foi morto por insurgir-se contra esse fardo. Hoje, os cidadãos são esquartejados de outra forma: pela multiplicação de tributos, taxas e tarifas que minam seu poder de compra e sua capacidade de prosperar.

A fábula de um Estado “protetor” se desfaz quando observamos suas práticas. Ao invés de educar motoristas, instala radares ocultos, transformando vias públicas em armadilhas para capturar recursos dos condutores. Em lugar de promover infraestrutura de qualidade, privatiza estradas e entrega concessões para empresas que lucram sobre rodovias já pagas pelo contribuinte. O direito de ir e vir se converte em um mercado de pedágios, onde a mobilidade se torna um luxo restrito a quem pode pagar.

O trabalhador brasileiro, que deveria ver o fruto de seu esforço revertido em serviços essenciais, é impedido de oferecer mais à sua família por uma cascata de impostos que encarece tudo: do pão à gasolina, da moradia ao transporte. A cada aumento na carga tributária, o leite que falta na mesa de milhões de brasileiros é desviado para gastos supérfluos, privilégios da elite estatal e projetos ineficazes que nunca saem do papel.

A lógica da tributação deveria ser simples: cobrar de forma justa para entregar serviços de qualidade. Mas o que vemos é um governo que, ano após ano, refina suas estratégias para sangrar o contribuinte sem pudor. Mentem sobre déficits, criam impostos disfarçados, multiplicam taxas e ampliam encargos, sempre com a justificativa de que “faltam recursos”.

Mas onde está o dinheiro? Certamente não nas escolas sucateadas, nos hospitais sem leitos, nas estradas esburacadas ou na segurança pública ineficaz. Está, sim, nos privilégios de uma máquina pública inchada, na burocracia paralisante, nos desvios de verbas que nunca encontram responsáveis. Para cada 100 dias trabalhados, 37,5 são dedicados exclusivamente ao pagamento de impostos. Apenas para sustentar essa engrenagem corrupta e ineficiente. Enquanto isso, o discurso oficial segue tentando convencer a população de que mais impostos são necessários. No fim, o que temos não é um Estado para o povo, mas um povo escravizado pelo Estado. E a fatura, como sempre, recai sobre os ombros dos que menos podem pagar.

Por Edson Brasil de Castro

Edson Brasil de Castro Sou Edson Brasil: poeta, escritor e compositor. Escrevo desde a infância, com livros publicados e participação em antologias poéticas. Meu trabalho já alcançou o Liceu de Bucareste, na Romênia, e em breve terei um livro infantil lançado em Bolonha. Minhas letras também vivem em músicas gravadas no Brasil e no exterior. Com palavras e melodias, espalho meus pensamentos pelo mundo.

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