Carrossel de Ilusões

Carrossel de ilusões Há no silêncio Misericordioso do sono Histórias vividas ou inventadas Que é preciso contar. Há um cão sem lua, Um monge sem fé Que zombam da morte E caminham sem rumo. Há uma trilha inteira, Chamada remorso, Que conduz o vil A lugar nenhum. Há um rei de coroa E sem reino aparente, Que se veste de nuvens E tropeça nos sonhos. Há a menina pobre De olhos sofridos, É a mais rica, Pois carrega nos lábios Um sorriso sincero. Existo eu, Meio ovelha E meio lobo, Nesse covil, Terra de ninguém. Existimos nós. Um que fomos dois, Dois que logo Seremos nenhum.
Carrossel de ilusões

Há no silêncio
Misericordioso do sono
Histórias vividas ou inventadas
Que é preciso contar.

Há um cão sem lua,
Um monge sem fé
Que zombam da morte
E caminham sem rumo.

Há uma trilha inteira,
Chamada remorso,
Que conduz o vil 
A lugar nenhum.

Há um rei de coroa
E sem reino aparente,
Que se veste de nuvens
E tropeça nos sonhos.

Há a menina pobre
De olhos sofridos,
É a mais rica,
Pois carrega nos lábios
Um sorriso sincero.

Existo eu,
Meio ovelha
E meio lobo,
Nesse covil,
Terra de ninguém.

Existimos nós.
Um que fomos dois,
Dois que logo
Seremos nenhum.
Edson Brasil de Castro

Há no silêncio
Misericordioso do sono
Histórias vividas ou inventadas
Que é preciso contar.

Há um cão sem lua,
Um monge sem fé
Que zombam da morte
E caminham sem rumo.

Há uma trilha inteira,
Chamada remorso,
Que conduz o vil
A lugar nenhum.

Há um rei de coroa
E sem reino aparente,
Que se veste de nuvens
E tropeça nos sonhos.

Há a menina pobre
De olhos sofridos,
É a mais rica,
Pois carrega nos lábios
Um sorriso sincero.

Existo eu,
Meio ovelha
E meio lobo,
Nesse covil,
Terra de ninguém.

Existimos nós.
Um que fomos dois,
Dois que logo
Seremos nenhum.

Reflexão

O poema traz uma reflexão profunda sobre as dualidades da vida, explorando os conflitos internos, as ironias da existência e as histórias que permeiam o imaginário humano. Desde o início, há uma relação entre o silêncio e o sono, que aparecem como territórios onde memórias e fantasias se entrelaçam. Esses cenários internos são descritos como repletos de histórias que precisam ser contadas, ressaltando a importância de dar voz às experiências vividas ou criadas, talvez como uma forma de entender a própria existência.

Nos versos seguintes, as imagens do cão sem lua e do monge sem fé evocam um senso de contradição e deslocamento. Ambos simbolizam figuras que, mesmo privadas de elementos essenciais às suas naturezas, continuam a existir e zombam da inevitabilidade da morte. Essa visão sugere uma espécie de resistência ao destino ou às limitações impostas pela vida, embora sem rumo definido. A trilha do remorso, por sua vez, aponta para a inutilidade de se apegar às culpas do passado, que conduzem apenas a um vazio existencial.

As figuras do rei e da menina pobre oferecem um contraste significativo. O rei, com sua coroa e ausência de reino, representa a fragilidade do poder aparente e a desconexão entre status e significado. Em contrapartida, a menina, pobre em bens materiais, é descrita como a mais rica, carregando um sorriso sincero que transcende as dificuldades. Essa oposição ressalta a ideia de que o verdadeiro valor reside nas emoções e na autenticidade, e não nos atributos externos ou circunstanciais.

O poema culmina em uma reflexão sobre o “eu” e o “nós”, explorando a complexidade da identidade e das relações. O eu lírico se vê como uma mistura de ovelha e lobo, habitando um espaço ambíguo e caótico, uma “terra de ninguém”. A coexistência desses opostos representa a luta interna entre vulnerabilidade e força, submissão e independência. Já o “nós”, que foi “dois” e logo será “nenhum”, reflete a transitoriedade dos laços humanos e a inevitável dissolução das conexões. A obra, portanto, oferece uma meditação sobre a vida como um cenário de incertezas, onde os extremos coexistem e o significado se revela na tensão entre os opostos.



		
		

		

Por Edson Brasil de Castro

Edson Brasil de Castro Sou Edson Brasil: poeta, escritor e compositor. Escrevo desde a infância, com livros publicados e participação em antologias poéticas. Meu trabalho já alcançou o Liceu de Bucareste, na Romênia, e em breve terei um livro infantil lançado em Bolonha. Minhas letras também vivem em músicas gravadas no Brasil e no exterior. Com palavras e melodias, espalho meus pensamentos pelo mundo.