Reflexão sobre a crônica “O menino homem-velho”
A crônica reflete um diálogo íntimo e sincero entre o autor e sua própria existência. Ela desnuda a complexidade do envelhecimento, marcada pela tensão entre a criança que fomos, o adulto que nos tornamos e o idoso que começamos a reconhecer no espelho. O texto explora temas universais como o tempo, a memória, a identidade e as ilusões necessárias para lidar com a verdade da finitude.
O “menino homem-velho” simboliza a coexistência de todas as fases da vida em um único momento presente. Há uma luta entre a vivacidade da infância, o ímpeto da juventude e a serenidade (ou resignação) da maturidade. A crônica nos faz refletir sobre como o tempo transforma nossas prioridades: enquanto antes buscamos nos encaixar ou nos destacar, agora desejamos apenas a liberdade de ser quem somos, sem expectativas ou explicações.
Outro aspecto significativo é a relação com a memória e o esquecimento. O narrador reconhece o poder seletivo da lembrança e sugere que esquecer é uma benção necessária. A memória total seria um fardo insuportável. Nesse contexto, o esquecimento não é uma falha, mas um mecanismo de sobrevivência emocional.
Por fim, a crônica aponta para a aceitação como um ato de coragem. Ao declarar “sou eu e só, somente eu mergulhado em mim mesmo”, o narrador não apenas reconhece a solidão inevitável da existência, mas também a liberdade que ela proporciona. É uma celebração do direito de viver de forma autêntica, mesmo que isso signifique confrontar as verdades desconfortáveis sobre o tempo e a mortalidade.
Essa reflexão nos convida a questionar: Quantas vezes mentimos para nós mesmos sobre o que realmente somos ou queremos? E como podemos, como o “menino homem-velho”, encontrar paz na aceitação do que somos, do tempo que temos e do que deixamos para trás?