Edson Castro
Eu acredito que o tempo vai apagar
Porque as lágrimas secam sozinhas
Quatro dias para amar
Como nas Pontes para Madison
Depois, a vida inteira para esquecer
No início a liberdade é bem-vinda,
Revela a prisão em que se vive,
Mas depois abrem portas
para uma nova prisão
Quando se tem um marido,
um cachorro e duas crianças
É melhor mentir para si mesma
Quatro dias para amar
“Os velhos sonhos eram bons”,
mas como uma roupa velha
já não nos servem mais
“Os velhos sonhos eram bons”,
mas como uma roupa velha
já não nos servem mais
Eu acredito que o tempo vai apagar
Porque as lágrimas secam sozinhas
Quatro dias para amar
Como nas Pontes para Madison
Depois, a vida inteira para esquecer
“Os velhos sonhos eram bons”,
mas como uma roupa velha
já não nos servem mais
Reflexão
O poema apresenta uma reflexão profunda sobre a transitoriedade do amor e a inevitabilidade das escolhas, elementos que dialogam diretamente com o enredo do filme As Pontes de Madison. Ambos exploram o conflito entre paixão e dever, liberdade e responsabilidade, evidenciando as renúncias que marcam a trajetória humana. Enquanto o poema concentra-se na intensidade de quatro dias de amor e no longo processo de esquecer, o filme narra a história de Francesca e Robert, cujos breves dias juntos são suficientes para mudar a percepção de suas vidas, mesmo que o destino os force a seguir caminhos diferentes.
No filme, Francesca enfrenta o dilema entre viver uma paixão arrebatadora com Robert e permanecer com sua família, seguindo as convenções sociais e cumprindo suas responsabilidades. Essa dualidade é retratada no poema, especialmente na estrofe que menciona o marido, o cachorro e as crianças, ressaltando a tensão entre o desejo individual e a estabilidade da vida familiar. Ambos destacam o peso das escolhas e as limitações que a liberdade pode impor, questionando se é possível ser verdadeiramente livre quando as decisões afetam a vida de outros.
A metáfora dos “velhos sonhos” como roupas que já não servem mais no poema encontra eco na jornada de Francesca no filme. Seus sonhos juvenis de aventura e romance são confrontados com a realidade de uma vida rotineira. Assim como no poema, o filme sugere que esses sonhos, por mais bonitos que tenham sido, tornam-se incompatíveis com o presente, forçando os personagens a aceitarem a passagem do tempo e as mudanças em suas prioridades e identidades.
Por fim, tanto o poema quanto o filme compartilham uma visão melancólica, mas ao mesmo tempo esperançosa, sobre a impermanência das emoções e das experiências humanas. Ambos reconhecem que, embora o tempo apague as marcas mais vívidas de uma paixão, ele também oferece a possibilidade de renovação. A lembrança desses momentos intensos, no entanto, permanece como um testemunho do impacto do amor em nossas vidas, mesmo quando é impossível revivê-lo.