Edson Brasil de Castro
Ponha as cartas sobre a mesa,
A chuva também cai sobre os maus,
Você bem sabe.
No mar não há estradas,
O barco faz seu próprio caminho.
Sou marinheiro sem embarcação
À deriva sobre a terra.
Desejei por um momento
Que você ficasse sozinha.
Não por muito tempo, é claro,
O suficiente apenas para sentires a minha falta
Mas,
Siga teu caminho!
A chuva também cai sobre os maus.
Reflexão
A chuva também cai sobre os maus, como se a natureza quisesse lembrar a todos que, independentemente de nossas escolhas, estamos sujeitos às mesmas intempéries. Os raios de luz se dispersam nas gotas que caem, indiferentes à bondade ou à maldade que habitam em cada coração.
Os pecadores caminham sob as nuvens, acreditando que o peso de seus atos os torna imunes às tempestades. Contudo, a água que escorre por seus rostos é a mesma que acaricia os justos, ignorando diferenças e trazendo consigo a promessa de renovação. Até o mal, em sua forma mais distorcida, se vê forçado a reconhecer o poder do que não se pode controlar.
E assim, em dias nublados, muitos saem às ruas, buscando abrigo ou, ao menos, um lugar seco. Os rituais da cidade não param; a vida pulsa, caótica e vibrante, enquanto as águas se misturam às dores e alegrias. No final, o solo fertilizado aguarda ansioso a colheita, e cada um receberá seu quinhão de frutos, sejam eles doces ou amargos. É na partilha da chuva que reside a sabedoria. A vida, com suas nuances, é um ciclo; o que se faz hoje ecoa no amanhã. Até os maus devem aprender que, mesmo a tempestade que traz o desespero, pode ser o primeiro passo para o renascimento. E assim seguimos, entre lágrimas e sorrisos, sob um céu que, acima de tudo, nos iguala.